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Confira como foi o laboratório de finalização de filmes do FeCCI Lab 

Nos dias 18 a 21 de outubro, foi realizado o FeCCI Lab, o laboratório de finalização de filmes do Festival de Cinema e Cultura Indígena (FeCCI). A atividade aconteceu de forma presencial, em Brasília (DF), na sede da produtora A Terrestre. 

O FeCCI Lab é um laboratório de desenvolvimento de curta-metragens que proporciona a  realizadores selecionados via edital, a oportunidade de aprimorar seus projetos com a mentoria da Associação Cultural dos Realizadores Indígenas (ASCURI). 

Durante o laboratório, foram finalizados três filmes, que serão exibidos na programação do Festival: Afluências, de Iasmin Soares; Terra sem Pecado – Transversal, de Marcelo Cuhexê Krahô; e Oré Payayá, de Edilene Payayá, Sarah Goes da Silva e Alejandro Zywica. 

Foram quatro dias de mentoria presencial em Brasília, que totalizaram quase 40 horas de atividades formativas e edição. No primeiro dia do Laboratório (18), os participantes trabalharam em seus projetos os temas Estrutura Narrativa e Dramaturgia. Foram dez horas intensas de atividades de desenvolvimento. 

Com a mentoria de Gilmar Galache e AdemilsonVerga (Kiki), os participantes realizaram o inventário das imagens gravadas, montaram uma escaleta e estruturaram a primeira versão do roteiro de seus documentários. 

Ao final do dia, os participantes debateram seus roteiros com Iván Molina, documentarista e professor boliviano, membro do povo Quechua. Com mais de 30 anos de experiência na realização de documentários, o professor ressalta a importância de cada realizador entender a fundo a sua proposta pessoal de projeto.“O cinema é uma metodologia para entender melhor a vida”, orienta Molina. 

Nesse sentido, o cineasta deve pensar uma estrutura que reflita seu pensamento ou o pensamento dos personagens e povos retratados, por exemplo. Entre outras dicas, Molina também orientou sobre a necessidade de encontrar a cosmovisão e a identidade do povo indígena retratado, as narrativas originárias. “Onde está o olhar e o espírito do povo retratado? Um documentário tem que encontrar esse espírito”, explica. 

Na segunda etapa do laboratório, os participantes trabalharam a dimensão “Estrutura Temática” para desenvolver suas histórias. Após a análise dos roteiros, os realizadores foram para a ilha de edição para a análise do material bruto, visando a montagem de uma primeira proposta de timeline (linha do tempo) dos seus filmes. 

Nos dias seguintes, os participantes trabalharam a dimensão “Montagem e Edição” na ilha de edição. A edição consolida o sentido do projeto audiovisual, sendo um espaço para a experimentação de linguagem, estética e criatividade. Os realizadores puderam enxergar novas soluções de montagem e ter dicas e mentoria individual de edição. 

A partir da finalização do primeiro corte, os realizadores puderam apresentar seu projeto para Iván Molina, que orientou o grupo sobre novos caminhos para a edição de seus projetos. 

Durante a mentoria, o professor ressalta a importância do diretor entender a proposta narrativa, a estética e também questões como a métrica e ritmo do filme. “Num documentário, eu tenho que entender que tempos são de inspiração e que tempos são de emoção”, reflete Iván Molina. 

Para Molina, o diretor precisa trabalhar a arte da escuta na relação com temas e personagens. “É preciso trabalhar, com profundidade, a escuta da sensibilidade da história que se quer contar”.