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O festival

Aldear o cinema com uma energia criadora, pulsante, diversa e potente.

Sobre o Festival

O Festival de Cinema e Cultura Indígena (FeCCI), em sua primeira edição, busca levar para a capital do país, Brasília, produções cinematográficas acerca das questões indígenas e sua resistência, promovendo o pensamento e o fortalecimento da cultura originária que os mais de 305 povos existentes no Brasil lutam para preservar. O FeCCI é um dos primeiros festivais nacionais de cinema indígena idealizado por indígenas. 

 

Um festival focado nas histórias de coletivos e realizadores de origem indígena, cujo objetivo é contribuir para a difusão de filmes e da cultura dos povos originários do Brasil, tornando-se, também, um panorama das mais recentes realizações da comunidade criativa. 

 

O FeCCI é composto por uma mostra competitiva e uma mostra paralela, além de sessões online. A programação inteira é gratuita e conta ainda com laboratório de finalização de projetos audiovisuais, um ciclo de rodas de conversa com convidados especiais, masterclass e apresentações culturais que promovem encontros, diálogos e conexões com realizadores, pensadores, artistas e público. 

 

Esse projeto nasceu de um sonho de Takumã Kuikuro, um dos cineastas indígenas mais representativos de sua geração. Há mais de dez anos, ele imaginou um evento em que a cultura e o cinema indígena fossem os protagonistas centrais. Takumã também queria  incentivar e reconhecer realizadores com uma premiação, promover encontros e a formação de novos públicos. Há dois anos, Takumã se uniu a um grupo de mulheres produtoras de cultura (A Terrestre) e juntos, conseguiram desenvolver o Festival  com recursos do FAC – Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (SECEC-DF). 

 

FeCCI nasce com o reconhecimento de ser o maior festival focado na temática dos cinemas indígenas, em relação ao número de filmes exibidos e escopo  da programação. Um festival que se alinha a outros eventos nacionais para fortalecer o  movimento do audiovisual indígena, trazendo encontros entre diferentes visões de mundo. 

 

Em sua primeira edição, o tema do festival é “Como você cuida da sua aldeia?”.  Com os pés cravados na terra, refletimos sobre o cuidado e a regeneração como elementos éticos da relação com o espaço em que vivemos. Como coexistir no mundo de hoje? Como viver no coletivo, num solo comum, criar outras possibilidades de relação com o humano e o não humano, como incentivar outras potências de viver? Articulando com as tensões da época, acreditamos na narração de novas histórias como um caminho possível para outras formas de ser e estar no mundo. 

 

FeCCI é saber ancestral, mobilizado no agora. Uma semente para que realizadores e público possam plantar e criar suas próprias histórias. O sonho de Takumã é um convite para que não deixemos de sonhar. Sonhar, também é um ato de resistência, e quando sonhamos juntos, forma-se uma força coletiva de saberes, relações, fazeres e afetos.

SOBRE O FeCCI LAB

Por meio de uma chamada nacional com inscrições gratuitas, serão selecionados

três projetos de curta-metragem que estão na etapa de finalização.

Poderão se inscrever realizadores indígenas residentes de todo o Brasil.

Premiações da Mostra Competitiva

O festival conta com prêmios oficiais e prêmios de parceiros,

contemplando filmes de curta e longa-metragem.

Os filmes selecionados para essa mostra concorrem a prêmios nas seguintes categorias:

Prêmio Instituto Alok

A premiação será concedida a três filmes, curta ou longa-metragem, com realização indígena, que figurem na programação do festival em qualquer uma de suas mostras, reconhecendo diferentes contribuições artísticas.
Todos os premiados receberão também o troféu Tamakahi, com peças criadas por artesãos do povo Mehinaku, do Território Indígena do Xingu (MT).

DIREÇÃO GERAL

Takumã Kuikuro

É cineasta, membro da aldeia indígena Kuikuro, e atualmente vive na aldeia Ipatse, no Parque Indígena do Xingu. Dirigiu o documentário As Hiper Mulheres (2011), junto a Leonardo Sette e Carlos Fausto. Teve filmes premiados em festivais como os de Gramado e de Brasília, e no Festival International Présence Autochtone (Festival Internacional Presença Indígena) da organização Terres en Vues, em Montreal.

Em 2017, recebeu o prêmio honorário "Bolsista da Queen Mary University London". E foi, em 2019, o primeiro jurado indígena do Festival de Cinema Brasileiro de Brasília.

CURADORIA

Renata Aratykyra

Da etnia Tupinambá, jornalista, poeta, roteirista, curadora e produtora. Atua desde 2006 na difusão das culturas indígenas por meio de projetos e etnocomunicação. Sua trajetória tem sido marcada por uma dedicação inspiradora e pelo envolvimento em projetos transformadores nesse cenário.

Criadora da Originárias Produções. Foi cofundadora da Rádio Indígena Yandê. É roteirista da premiada série “Sou Moderno, Sou Índio”, de 13 episódios de 26 minutos, do Cine Brasil TV, Lente Viva Filmes. Tem trabalhado em séries de ficção e consultoria.

É membro do Levanta Zabelê, escola filosófica de saberes ancestrais, localizada em Una, na Bahia. Curadora do Edital Natura Musical 2021, do Festival Corpos da Terra (2021), Festival de Música Indígena no Indígenas BR 2021 e 2022 (CCVM), Escuta Festival 2021 e 2022 (IMS-RJ), II Mostra de Etnomídia Indígena (2021) e Slam Coalkan 2021 (primeiro slam indígena a reunir poetas de todo continente americano, realizado pela Festa Literária das Periferias - FLUP).

Olinda Tupinambá

Olinda Tupinambá é indígena do povo Tupinambá e Pataxó hãhãhãe, jornalista, cineasta e ativista ambiental. Trabalha com audiovisual desde o final de 2015. Entre documentários, ficção e performance, produziu e dirigiu 8 obras audiovisuais independentes.

Foi curadora de diversos festivais e mostras de cinema, dentre eles o "Festival de Cinema Indígena Cine Kurumin" 8 edição (2020) (2021) e a Mostra "Lugar de Mulher é no Cinema" (2021)( 2022). Produtora de duas mostras de cinema: "Amotara - Olhares das Mulheres Indígenas" (2021) e "Paraguaçu de Cinema Indígena". Coordenadora do Projeto Kaapora. Coautora do Doc/Especial de TV "Falas da Terra", produzido pelos Estúdios Globo.

Priscila Tapajowara

Primeira mulher indígena formada pela Faculdade Paulus de Comunicação
(FAPCOM), no curso de Produção de Audiovisual. Desde então, atuou como diretora cinematográfica da websérie documental "Ãgawaraita" e do curta-metragem documental "Tapajós Ãgawaraitá", além dos videoclipes "Carimbó com Merengue", "Misogyny" e "Tetchi"aru'ngu".

Além de atuar como comunicadora no Mídia Índia e como vice-presidenta do Instituto Território das Artes - ITA, foi diretora de fotografia do longa-metragem documental "Arapyau: Primavera Guarani" e da série documental "Sou Moderno, Sou Índio". Igualmente,  foi produtora do Festival de Cinema Latino Americano CineAlter e assistente de direção e pesquisadora do longa-metragem "Amazônia, a nova Minamata?".

Kujaesage Kaiabi

Kujãesage é do povo Kaiabi/Kawaiwete do Território Indígena do Xingu, aldeia Kwaryja, sendo a comunicadora mais atuante na área de audiovisual.

É a única mulher kaiabi que iniciou uma carreira no documentário indígena. Foi formada pelo Instituto Catitu e, desde então, segue o seu caminho, construindo uma carreira muito relevante. Atualmente, é comunicadora da Rede Xingu+ e estudante. Também faz parte do Movimento das Mulheres do Xingu. Como uma comunicadora mulher, se tornou uma das referências fundamentais para a formação voltada ao audiovisual em seu território, dando oficinas de formação ao lado de seus parceiros, apoiadores e colegas.

Hoje, Kujãesage trabalha com uma turma de mais de 24 comunicadores indígenas e ribeirinhos em defesa do seu território e dos seus direitos, produzindo vídeos e áudios informativos para comunidades e ribeirinhos.

Julie Dorrico

Julie Dorrico pertence ao povo Macuxi. É doutora em Teoria da Literatura pela Pontíficia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). É mestre em Estudos Literários e licenciada em Letras Português pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR). É poeta, escritora, palestrante e pesquisadora de literatura indígena.

Venceu em 1º lugar o concurso Tamoios/FNLIJ/UKA de Novos Escritores Indígenas em 2019.

Administradora do perfil @leiamulheresindigenas no Instagram e do canal no YouTube Literatura Indígena Contemporânea. Curadora da I Mostra de Literatura Indígena do Museu do Índio (UFU). Autora da obra “Eu sou macuxi e outras histórias” (Caos e Letras, 2019).

JÚRI

​​Graciela Guarani

Produtora cultural, diretora, roteirista e curadora, Graciela é pertencente à grande Nação Guarani e Kaiowá de MS. Em seu currículo, assina a direção, roteiro e fotografia de mais de 8 obras audiovisuais. Dentre elas, se destaca na direção e fotografia do longa documental premiado internacionalmente “My Blood is Red” (Needs Must Film). Foi autora no especial da rede Globo “Falas da Terra”. Atualmente, está como diretora na segunda temporada da série “Cidade Invisível” (NETFLIX). É uma das cineastas indígenas pioneiras e mais atuantes em produções audiovisuais no cenário do cinema brasileiro.

Edgar Kanaykõ Xakriabá

Edgar Kanaykõ Xakriabá pertence ao povo indígena Xakriabá do estado de Minas Gerais. É mestre em Antropologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Tem atuação livre na área de Etnofotografia: “um meio de registrar aspectos da cultura e da vida de um povo”. Nas lentes dele, a fotografia torna-se uma nova “ferramenta” de luta, possibilitando ao “outro” ver com outro olhar aquilo que um povo indígena é.

Divino Tserewahú

Pioneiro do cinema indígena no Brasil e um dos maiores realizadores deste tipo de produção, além de líder comunitário do povo Xavante, Divino Tserewahú é cineasta, comunicador e professor. Nasceu em 1974, na aldeia Sangradouro, em General Carneiro (Mato Grosso), seguiu sua carreira seguindo o trabalho iniciado por seu irmão e começou a aprender sobre captação audiovisual ainda em 1990.

Participou do primeiro programa indígena televisionado no Brasil: "Programa Índio" (1995), série produzida pelo Projeto Vídeo nas Aldeias em colaboração com a emissora de televisão da Universidade de Mato Grosso.

Em 1998, lançou seu primeiro trabalho individual para um público não xavante "Heparí Idub’radá / Obrigado, irmão", no qual ele descreve, com muita sensibilidade, o caminho que o levou a se tornar um cineasta. Líder da equipe de realizadores indígenas autores de “Wapté Mnhõnõ, Iniciação do Jovem Xavante”, premiado em vários festivais, Divino realizou mais dois documentários sobre rituais de iniciação Xavante, “Waiá Rini, O Poder do Sonho” (2001) e “Daritidzé, Aprendiz de Curador” (2003). Em 2002, Divino fez uma reportagem sobre os indígenas Makuxi, “Vamos à Luta”. Dirigiu e editou “Abareu”, uma nova versão dos “Wapté”. E em coautoria com Tiago Torres e Amandine Goisbault, os filmes "Sangradouro", um histórico da sua aldeia, do contato até os dias de hoje, e PI'ÕNHITSI, Mulheres Xavante sem nome", sobre o desaparecimento do ritual de nominação feminina.

Estudou na Escola Internacional de Cinema e TV de San Antonio de Los Baños, em Cuba, onde se capacitou nas técnicas de edição, roteiro de documentário e ficção, animação, entre outras; além de ter sido Diretor de Comunicação do Museu das Culturas Dom Bosco e colaborador da Missão Salesianos na Universidade Católica Dom Bosco.

Por suas produções e sua trajetória pioneira, importantíssima na história do cinema indígena no Brasil, tem sido objeto de várias pesquisas (artigos, teses e dissertações) em universidades e instituições brasileiras e estrangeiras. Ele segue com seus trabalhos de produção audiovisual e de resistência, inspirando as novas gerações de cineastas indígenas e não indígenas do Brasil.

Consultores do FeCCi Lab

Juan Iván Molina Velasquez

É da etnia Quéchua, da Bolívia. Estudou Sociologia na UMSA e na UCA da Nicarágua, na América Central e Cinema na Escola Internacional de Cinema e Televisão, em Cuba e no Canadá. Realizador de Cine documentários desde 1989.

Já trabalhou em Alicante-Espanha na nova proposta do canal Cetelmon e estava ligado ao RTF em Paris-França. No campo da formação, fez parte da primeira equipe de facilitadores do Plano de Comunicação Audiovisual Indígena, CEFREC-CAIB, entre os anos de 1995-1997; até o momento, continua ligado ao treinamento de jovens urbanos e não urbanos.

Em 1994, também foi consultor de projetos audiovisuais para a América Latina, em Banff, Canadá. De 2004 a 2006 foi diretor acadêmico da Escola de Cinema e Artes Audiovisuais (ECA), em La Paz. De 2007 a 2011 e de 2016 a 2018 foi diretor geral da Escola de Cinema.

Paralelamente, foi coordenador dos projetos de treinamento no Mato Grosso do Sul (Brasil) e um dos fundadores da ASCURI (Associação Cultural de Realizadores Indígenas). Do ponto de vista da realização, inclina-se ao documentário testemunhal e participativo, em defesa dos Direitos Humanos, dos Direitos dos Povos Indígenas e dos Direitos das crianças, jovens e mulheres.

Gilmar Kiripuku Galache

É Terena do Pantanal sul-mato-grossense. Possui graduação em Design e Mestrado em Desenvolvimento Sustentável, pela Universidade de Brasília (CDS/UNB 2017). Especializou-se em Cinema na Escuela de Cine y Arte de La Paz (ECA/Bolívia).

É idealizador da Associação Cultural de Realizadores Indígenas – ASCURI (www.ascuri.org), onde atua como coordenador das estratégias, videomaker, designer gráfico, montador e fotógrafo. Atualmente trabalha como editor e gerenciador de mídias e redes sociais no Instituto Socioambiental – ISA.

Ademilson Concianza Verga (Kiki)

É Kaiowá e realizador da ASCURI – Associação Cultural de Realizadores Indígenas desde 2010, onde atua como editor, fotógrafo e videomaker. Já participou de inúmeras formações audiovisuais, tanto como aluno, como professor. Foi ator do longa-metragem Terra Vermelha (Birdwatchers, 2008). Estudou montagem e edição na Escola Darcy Ribeiro – RJ e participou de muitos festivais e mostras pelo mundo.